O Centro de Multimeios é um lugar feito de histórias – histórias de sonhos, paixão e aventura. Mas, como toda grande realização, é também uma história de muito trabalho. Ele nasceu do desejo de uma vida nova na cidade, nas escolas e no coração das pessoas, onde livros e crianças fossem tão essenciais quanto ruas, merenda, prédios e política. Esse sonho foi alimentado pelo amor à literatura, inspirada por autores como Monteiro Lobato, Perrault, Maria Clara Machado, Drummond e Fernando Pessoa, cujas palavras e personagens se entrelaçam na casa e na escola dos nossos sonhos, abrindo caminhos para novas descobertas e aventuras.
O ponto de partida foi uma pequena biblioteca na sede da SEMEC, que, apesar de seu acervo modesto, abrigava uma grande quantidade de sonhos. Por ali passaram muitos apaixonados por livros, entre eles Nazaré Cavalcante, conhecida como "Pimentinha", pioneira na luta pela implantação de bibliotecas infantis nas escolas municipais e, posteriormente, coordenadora das Salas de Leitura, projeto desenvolvido em parceria com o MEC.
A partir de 1993, novas figuras se uniram à pequena sala da SEMEC, trazendo consigo sonhos e a determinação para realizá-los. Contudo, a notícia do encerramento do programa causou apreensão: como continuar levando esses preciosos livros às escolas?
Dessa questão surgiram projetos como o "Lixo Vira Livro", que associava a compra de livros com a educação ambiental, e a ideia de expandir a biblioteca central da secretaria para centralizar o acervo e apoiar a leitura nas escolas. Para que os livros continuassem a circular, mesmo que de forma rotativa, foram criadas as "caixas de leitura", inicialmente distribuídas para as escolas rurais.
Outro projeto, "Vida Nova na Escola", foi idealizado para levar não só livros às escolas, mas também artistas como Matias, Hélio Melo, Dinho Gonçalves, Marília Bonfim, Cilene, Teca, Lulu, Zélia e Mirtes, entre outros profissionais e amadores da fantasia que contavam histórias e encantavam as crianças. Embora esse projeto inicial tenha evoluído para novas formas, seu espírito permanece vivo no Centro de Multimeios.
Ao longo do tempo, muitos colaboradores anônimos se somaram a esses esforços, mostrando que o sonho poderia ir além da secretaria, das escolas e alcançar a comunidade. No início, em junho de 1994, o Centro de Multimeios recebia apenas três crianças. Em pouco tempo, esse número subiu para cerca de cinquenta, que compareciam assiduamente. Essas crianças traziam novas amigas, ouviam histórias, emprestavam livros, e, gradativamente, a frequência aumentou, abrangendo bairros como Habitasa, Cadeia Velha, Baixa Habitasa, Cerâmica e até Sobral.
Com o aumento de participantes, a equipe começou a organizar atividades, incluindo contação de histórias, projeção de filmes e brincadeiras. No final daquele ano, a Brinquedoteca Municipal foi criada, integrando brinquedos ao acervo, o que causou grande entusiasmo entre as crianças, mas sem tirar o destaque dos livros. Pelo contrário, o interesse pela leitura se intensificou.
Graças à parceria com a Fundação Garibaldi Brasil, esses sonhos se tornaram sementes que cresceram e deram frutos: clubes de leitura, brincadeiras, exibições de filmes, músicas, jogos de xadrez, teatro, e o desejo de aprender novas línguas. Esses sonhos e projetos formaram um legado que o Centro de Multimeios cultiva até hoje.
Assim como Xerazade, que mantinha seu público intrigado ao interromper suas histórias no momento mais envolvente, o Centro de Multimeios mantém o desejo de perpetuar suas histórias, convidando todos a retornarem e descobrirem cada dia um novo capítulo.
O Centro de Multimeios é, em essência, uma história dentro da outra – um novelo de sonhos que se entrelaçam e que, dia após dia, se tornam realidade. E, para entrelaçar essas histórias, ele conta com a inspiração de autores e personagens que nutrem o desejo de compartilhar o prazer das descobertas e das diversas linguagens do ser humano.
Secretaria Municipal de Educação. Democratização e Modernidade Administrativa. Rio Branco, 1996. (Vida Nova na Escola)
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